Navalhadas Curtas: O Cheiro da Invisibilidade

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Por vezes me questiono quanto a minha presença real como um ser táctil!
Será que existo mesmo? Não, não estou maluco ainda… embora a pandemia esteja trabalhando forte para isso não é?
Coisas impressionantes acontecem no ramerrão da vida, neste cotidiano avassalador de coisas triviais que se transformam em monstros.
Explico.
Fui em uma conhecida farmácia da cidade,aquela que tem aos milhões por ai…né.
Peguei o medicamento necessário e me dirigi ao caixa rapidamente pois era hora do almoço.
Então o caixa começa a me atender quando surge uma outra funcionaria excessivamente feliz como um Beethoven insano em sua Nona sinfonia.
Elas entabulam um diálogo mais ou menos assim:
-Tu ainda estas ai? Achei que tinhas ido almoçar…
-Eu almoçar? Imagina guria nem te conto
-Que foi?
-Acabei de sair do banheiro agora, gente como pode sair tanta porcaria de dentro da gente né?
Entrei em stanby, naquele momento a moça do caixa parou o atendimento e a terra parou e eu deixei de existir imediatamente e seguiram:
– É mesmo?
-Simmm guria, saiu tanta caca de dentro de mim que eu nem sei onde tava guardado,nossa sabes aquelas coisas desmanchadas? E o cheiro? Credoooo eu nem acredito que aquilo saiu de mim.
Naturalmente eu o invisível estava já sentindo o cheiro e o gosto da merda desta moça, mas a felicidade dela não se conteve ai:
– Tu sabes guria que ainda fui olhar bemmm de pertinho pra ver se não tinha algum bixo ali, sabes né? A gente nunca sabe…o que posso dizer que estou podre por dentro.
Neste interim, por um milagre do divino, ambas me olharam eu estava parado olhado para elas, então um certo constrangimento surgiu, uma dela ficou ruborizada e eu por trás da máscara sorri. E pensei comigo, bom felizmente ainda bem que tinha papel higiênico.
Paguei o remédio e agora eu vou almoçar.
Fio da Navalha.

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