O Fio da Literatura | O Contraponto | Aldous Huxley

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“…é a imaginação com seus princípios, sua tradição, sua educação.
Abandonem-se os instintos a si mesmo, e veremos como eles hão de causar pouco dano. Se os homens amassem somente quando levados pela paixão, sele se batessem unicamente quando estão irados ou aterrados, se eles só se aferrassem á propriedade quando tivessem necessidade ou quando fossem arrastados por um desejo incontrolável de posse – então ,eu lhe garanto, este mundo se pareceria muito mais com o Reino dos Céus do que se parece agora, sob o nosso presente regime cristão-intelectual-cientifico.
Não é o instinto que faz os Casanovas, os Byrons, as Ladies Castlemaines:é uma imaginação e prurido, que esporeia artificialmente o apetite, que acicata desejos sem existência natural.
Se os Dom-Juans e as Donas-Juanas obedecessem somente a seus desejos, teriam muito poucas intrigas. Eles tem de excitar a si mesmos em imaginação antes de poderem afundar nos seus amores promíscuos. E o mesmo se passa com os outros instintos.
Não foi o instinto de posse que tornou a civilização moderna louca por dinheiro. Para isso é preciso que o instinto de posse seja sem cessar excitado artificialmente pela educação, pela tradição e pelos princípios morais. É necessário que se repita aos amontoadores de dinheiro que amontoar dinheiro é coisa natural e nobre, que a economia e a indústria são virtudes, que persuadir as pessoas a comprar aquilo que não tem necessidade é um dever cristão.
Seu instinto de posse não seria nunca bastante forte para impeli-los a amontoar sem cessar, da manhã a noite durante toda vida. É necessário que ele seja constantemente excitado pela imaginação e pela inteligência… Depois pense na guerra civilizada. Ela nada tem haver com a combatividade espontânea.
Os homens precisam ser constrangidos por lei e depois excitados pela propaganda ,para se baterem. Far-se-ia um trabalho muito mais eficiente em favor da paz se se dissesse que obedecessem aos reflexos espontâneos de seus instintos belicosos , do que fundando não importa quantas Ligas das Nações.”
CONTRAPONTO – Aldous Huxley

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