Fragilidade – Martim César
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Fragilidade
(para Rigoberta Menchú)
Uma mulher lutando contra um império.
Uma mulher detentora da força de todo um povo.
Um mulher índia. Latinoamericanamente índia.
Uma mulher gritando a vida dos seus mortos.
Ele aniquilados, torturados, desaparecidos.
(nela ressuscitados, renascidos, redivivos).
Eles, aos milhares, as centenas de milhares.
Fuzilados, trucidados, engolidos pela terra.
Eles, agora envoltos pelas mesma mortalha
feita da terra a que pertenciam
E que a eles pertencia.
Eles reerguendo-se, levantando-se, renovando-se
Na eternidade cíclica da arvore e da semente
Uma mulher somente, e que é muitas mulheres.
Uma mulher apenas, e que é todas as mulheres.
Rompendo casulos, levantando véus, saindo da casca,
Descobrindo-se livre por si mesma,
Sem liberdades oferecidas ou alforriadas.
Uma mulher liberta e não libertada.
Martim César
Dez Sonetos Delirantes (e um Quixote sem cavalo)
Pag.79
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