Fio da Poesia | O rosto
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O que vi não era um rosto
O que vi era um rasgo
Uma alma mastigada
Cabelos em desalinho
Vida em desalinho
Semblante massacrado, como um escravo sem grilhões
Um beco sem recuo
Tão livre
Tão preso
Tão nada
Sentado no pé de uma arvore
A espera de um alivio
Um segundo…
Um minuto…
O que for…
Tudo nele era um grito que os surdos não ouvem
Que cegos não veem
Aquela arvore um altar feito de tragédias
As rugas deste rosto, eram expressões tecidas de amargura
De fim da estrada
De derrota
Perdição e esperanças que escoam
E meu coração pesou em mim
Minha alma não pode voar para além
Estava ancorado ao desconhecido
tão perto
Mas ao que o silencio deste rosto gritou, gritava, grita
Desespero de abismo
Lembranças doloridas
Eu queria saber o porque
O como aquele homem, chegou naquele estado?
Você sabe?
Você sente?
Que guilhotinas lhe haviam amputando…
Corpo, alma e espirito
Que segredos peçonhentos foram desfigurando…assim…
Como a ferrugem ao ferro
O câncer a carne
A dor lhe fez um sulco profundo na testa
Seus olhos se exprimiam
Vertendo lagrimas que ele tentava em vão enxugar
O olhei nos olhos
Vi que…
Não era a sua roupa puída, suja e rasgada…
Não era sujeira do corpo
Não aos dejetos que ele fez em si mesmo…
Não as unhas compridas e imundas
Não era a fome ou sede
Os pés descalços
Ou o brilho apagado do seus olhos
Que segredo havia nele
E uma vez mais minha alma quis plainar
Mas eu havia sido atingido
Pelo silencio…pela lagrima…
Pelo inevitável
Por mim…e por você…
Teu rosto não é só um rosto
E nem o meu…
E ali naquele momento algo muito grave aconteceu
Sem que nenhum de nós tivesse percebido
Afinal quando percebemos?
Fio da Navalha
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