O Fio da Literatura: Pedro Juan Gutierrez
[vc_row][vc_column][vc_column_text]O Fio da Literatura: Pedro Juan Gutierrez
“Ai, sim fiquei sozinho.
O ar ao meu redor ficou mais leve.
Para mim era trabalho aceitar a solidão. Era difícil aprender a me auto abastecer. Eu continuava achando que era impossível. Ou que era desumano.
“O homem é um ser social”, tinham me repetido muitas vezes. Isso, mas o calor do trópico, o sangue latino, minha mestiçagem fabulosa, tudo conspira ao meu redor, como uma rede, me incapacitando para a solidão.
Esse era o meu problema e o meu desafio: aprender a viver e a desfrutar dentro de mim. E a questão não é simples: hindus, Chineses, japoneses todos os que tem culturas milenares dedicaram boa parte do seu tempo a desenvolver filosofias e técnicas de vida interior. Mesmo assim, todos anos se suicidam no mundo uns tantos milhares de pessoas esmagadas por sua própria solidão. E não é que o sujeito escolha ficar sozinho. É que, pouco a pouco, vai-se ficando sozinho. E não há remédio. É preciso resistir.
Chega-se a uma imensa planície deserta e não se sabe que porra fazer. Muitas vezes se pensa que o melhor é não pensar muito em si mesmo e na maldita solidão, que fica aguda quando se esta isolado e em silencio.
Bom, pois é preciso entrar em ação. E a gente sai por aí. Em busca de um amigo, ou de uma mulher que nos de um pouco de sexo. Não sei. Alguém, para não ficar sozinho, porque já se sabe que quando se está assim o rum deprimem mais ainda. Um pouco de sexo talvez. E senão, pelo menos um amigo.
Fiquei pensando nisso tudo me pus de pé de um salto e ri. Gostosamente. Um bom sorriso, desnecessário e absurdo, é um tônico. Sempre dá resultado comigo. E se consigo aguentar uns minutos e rir por dentro e por fora, melhor ainda. Vou, pensei.
E fui procurar um amigo”.
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